quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

UGA entrevista Soraia Chaves



Soraia Chaves tirou um tempinho do curso de representação que está a frequentar, em Madrid, para voltar a ser protagonista de um filme de António-Pedro Vasconcelos. Em “A Bela e o Paparazzo”, é Mariana uma actriz perseguida por fotógrafos à beira de um ataque de nervos que se apaixona pelo seu inimigo. E se estás à espera de ver mais uma produção ousada de Soraia, tira a ideia da cabeça.

Quem é a Mariana?

Mariana é uma jovem que está a chegar aos 30 e a ter uma crise de identidade. Ela é uma actriz de telenovelas, uma estrela de televisão, uma mulher procurada e desejada pelos media, que lhe preenchem o tempo. Ela está a ser consumida por esse mundo mediático e encontra-se farta e zangada com o rumo que tomou. Depois conhece um rapaz por quem se apaixona que ajuda que a vida dela se torne um bocadinho mais brilhante.

Também já foste perseguida por paparazzis?

Já tive algum assédio da imprensa, mas não a este nível tão exagerado. Em Portugal, as coisas não são tão graves como os mercados de Espanha, EUA ou Londres.

És das poucas figuras públicas que consegue esconder a vida privada da imprensa…

É uma questão de opção, quero revelar ou não quero revelar. E se não quiser, não há nada que me faça revelar. Desde o início tive consciência que só queria divulgar o meu trabalho e não a minha vida. O meu objectivo nunca foi ser famosa ou aparecer no maior número de capas de revista possível. Quero é trabalhar e ser a melhor actriz que conseguir ser.

Neste filme apareces loira. Passaste de morena a loira fatal?

Não, não acho que a Mariana seja uma loira fatal. É uma miúda normal, muito espontânea, que insulta, grita e parte as coisas que lhe aparecem à frente quando está chateada. E também não tem nada de sedutor. Ao nível pessoal, senti que estando loira chamo mais atenção, ouvi muitos mais piropos na rua.

As pessoas identificavam-te?

Não, nem as pessoas conhecidas em Portugal. Em relação aos piropos foi mais em Madrid, onde as loiras têm sucesso garantido.

“As minhas escolhas não têm a consciência do ser ou não ser sensual”

Os dois últimos filmes que fizeste, incluindo este “A Bela e o Paparazzo”, não tiveram cenas de nudez. Esta descolagem dos papéis sensuais agrada-te?

É irrelevante. O que importa é encarnar um personagem rico, num projecto interessante, com pessoas em quem confio e admiro. As minhas escolhas não têm a consciência do ser ou não ser sensual. Não quero afastar-me de papéis com maior exposição física, porque se o personagem for muito bom eu vou fazê-lo.

Achas que te mostras mais como actriz nestes papéis mais discretos…

Não sei… Eu estou a interpretar um personagem, as pessoas é que criaram essa ideia e puseram-me esse rótulo de fútil devido às suas frustrações. Cada personagem tem o seu valor, independentemente da imagem. Para dizer a verdade: o que é que é mostrar um bocadinho de pele? Acho que há um exagero. As pessoas levaram essas situações ao extremo. Eu não tenho que me preocupar em fugir desse rótulo, mas sim em trabalhar e ser o melhor que posso.

Este é o segundo filme do António-Pedro Vasconcelos que fazes. Quando surge um convite dele, tens tendência a aceitar no momento?

Foi um encontro muito feliz. Devo ao António-Pedro um dos papéis mais interessantes neste curto percurso. Ele confiou em mim, depois do “Crime do Padre Amaro”. Foi o primeiro a telefonar e deu-me personagens riquíssimos e aprendi muito com ele. Portanto, quando surgiu o convite para o segundo filme, fiquei felicíssima por o António-Pedro querer voltar a trabalhar comigo.

“O meu mundo perfeito seria só fazer cinema”

Na tua carreira fizeste mais trabalhos em cinema do que em televisão. Foges às telenovelas?

As telenovelas neste momento não me interessam devido à longa duração de produção, que costuma ser de 9 meses. Neste momento estou a apostar na formação, o que não me permite estar um ano a filmar uma novela. Prefiro conciliar o curso com projectos de cinema ou de televisão mais pequenos. O meu mundo perfeito seria só fazer cinema. E experimentaria teatro.

É o que falta no currículo. Ainda não surgiu um convite?

Ainda não recebi nenhum. E é um desafio tão grande que ainda não me sinto preparada para o fazer, mas tenho esse desejo de um dia ter essa experiência.

“Os meus colegas de Madrid não me imaginam a filmar”

Estás a estudar em Madrid. Queres fazer carreira por lá?

Por enquanto não tenho tido trabalhos, estou só a estudar, a investir na minha formação e a aprender espanhol. Tenho ideia de tentar, mas consciência que entrar no mercado espanhol é voltar à estaca zero. Mas quero alargar as minhas possibilidades de trabalho, tendo em conta que o nosso mercado é pequeno.

Os teus colegas de curso sabem que és famosa em Portugal?

Eventualmente descobriram. A Internet não é um mundo secreto, facilmente se consegue chegar a todo o tipo de informação e já descobriram que já fiz alguns filmes em Portugal. Eles acham isso estranho porque eu lá sou uma estudante normal como eles e não me imaginam vestida de uma forma glamourosa, a sair em revistas ou a filmar.


Por Joana Miranda

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