
A UGA e o ISCAC vão dar a festa do ano em Coimbra, amanhã no Pavilhão da Quinta Agrária. O carismático Dj XL Garcia vai lá estar para dar música e pôr todos a dançar até de manhã. Numa entrevista exclusiva à UGA, XL Garcia fala de si, da carreira e daquilo que o faz entrar numa cabine de som após 20 anos de carreira.
Já tens mais de 20 anos de carreira. São muitos anos! Onde vais buscar a inspiração para novos sets?
Tem sido relativamente fácil porque quando se gosta do que se faz tudo se torna mais simples. Ainda por cima gosto de explorar várias tendências dentro da música electrónica. Existem milhares de temas… é uma questão de estar atento e também de uma boa pesquisa.
Ao fim de tanto tempo de carreira o que te faz continuar a ser dj?
O gosto pela música, o contacto com o público e de agradecer cada dia que passa a oportunidade que tive de poder trabalhar naquilo que realmente adoro. Ao longo de todos estes anos continuo com a mesma vontade de dar música ao pessoal! Essa tem sido a grande motivação ao longo da minha carreira.
"Ser dj corre o risco de se tornar banal ou vulgar"
Ser dj agora não é a mesma coisa que há 20 anos. Sentes que há a ideia que toda a gente pode ser dj?
Hoje em dia é, obviamente, mais fácil tentar ser dj. Os meios estão mesmo à mão de semear, é uma questão de oportunidade. Depois as ditas revistas cor-de-rosa têm ajudado ao folclore. Mas quem sai a perder é a profissão, porque perde reconhecimento e prestígio. O ser dj corre o risco de se tornar banal ou vulgar. Tenta imaginar o que seria se toda a gente achasse que tinha vocação para ser actor ou actriz de teatro. As consequências seriam horríveis para os profissionais do sector. É um problema que se tem vindo a agravar e acho que não se está a lidar com ele da melhor forma.
Sempre quiseste enveredar por esta carreira ou aconteceu por acaso?
Digamos que foi um pouco por acaso, mas também um pouco por vocação. Desde o tempo da secundária que já andava com discos e cassetes comigo para trás e para a frente. Nas tradicionais festas dos liceus era um dos eleitos para animar a festa, visto estar sempre actualizado a nível musical. Acabei por evoluir naturalmente para as famosas matinées nas sociedades recreativas e depois para as discotecas ao fim-de-semana à tarde. Foi acontecendo tudo muito naturalmente, nada foi forçado.
És considerado um dos dj’s nacionais mais carismáticos. Consideras-te como tal?
Sim, sem dúvida. Tenho uma maneira de ser e de estar muito peculiar. A grande diferença entre o XL Garcia e o público normal verifica-se quando eu entro para uma cabine de uma discoteca para trabalhar. Sou uma pessoa extremamente normal e que gosta de andar no meio do público na brincadeira. Já tive grandes discussões com ex-agentes meus que achavam que eu devia manter uma certa distância para com o público, mas achava isso completamente ridículo. Não é a minha forma de estar e é uma capa que detesto vestir e que tão pouco me serve. O meu carisma é ser esse. Ser natural.
Quais as tuas referências no mundo da música?
Tenho imensas! Amo um bom Jazz, adoro Rock, a Salsa… os ritmos latinos fascinam-me, embora eu não tenha nenhum jeito para dançar! A electrónica é a minha vida. Sempre me fui habituando a ouvir de tudo um pouco. Os meus amigos ficavam confusos como é que eu ouvia AC/DC e Depeche Mode. Ou então Eric Clapton e a seguir Duran Duran e ainda os Xutos & Pontapés ou UHF! Penso que esse foi sempre o meu grande trunfo. Conseguir apreciar qualquer género musical e extrair o que de melhor eles têm. Ajuda-me bastante na minha carreira como dj.
"Gosto que o público seja ruidoso e festeiro"
Que actuação te marcou mais? Tens algum tipo de público preferido?
Ao longo destes anos tem havido várias noites memoráveis. Mal de mim seria se isso não tivesse acontecido! Desde castelos, estaleiros, grandes clubes, outros mais pequenos, multidões ou pequenos grupos, nesta entrevista queria homenagear um clube onde trabalhei e que foi um dos catalisadores da minha carreira. Chama-se Kremlin. O facto de ter sido dj desta casa ajudou-me imenso na minha carreira. Ainda hoje se ouve lá muito boa música electrónica. Em relação ao público gosto que seja ruidoso e festeiro! É esse para quem eu gosto mais de trabalhar.
Tens um programa na Mix FM, o “Be Yourself”. Como surgiu a oportunidade de teres o teu programa de rádio?
Fui convidado mesmo pela Mix FM a ter uma hora semanal da minha responsabilidade na grelha. Foi um convite que me honrou imenso e dá-me oportunidade de divulgar imensos temas que quando vou trabalhar por vezes não os consigo tocar por falta de tempo. Aproveito também para abordar tendências musicais menos direccionadas para a pista de dança.
Dia 3 de Dezembro vai estar na festa da UGA em Coimbra. O que esperas dessa festa?
Espero que seja uma brilhante festa. Faz falta sangue novo com ideias novas. Traz vitalidade ao sector. Desejo-vos toda a sorte do mundo!
Por Joana Miranda
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