
De mãos dadas, com a roupa vestida do avesso e umas orelhas de burro… Eis o aspecto de um caloiro!!
Há uns anitos era eu que andava nesta figura e fui muito feliz! Aqueles que falam mal da praxe, só posso dizer que não sabem o que dizem. Uma praxe onde há respeito e o objectivo central é a diversão torna-se um dos pontos mais altos da vida académica, e mesmo da própria vida pessoal!
Tenho sorte de ter tido uns mestres que apenas gritavam com os caloiros porque não sabíamos as músicas do curso de cor ou porque não cantávamos suficientemente alto para abafar as cantorias de outros cursos. De resto, faziam-se muitos jogos, muitos passeios pelas ruas da Covilhã (sim, eu estudei quase na Serra da Estrela e tenho muitas saudades da UBI) e, acima de tudo, muito convívio entre pessoas de outros cursos e anos. Foi o mês e meio mais longo da minha vida, pela simples razão de ter deixado de existir para o mundo e apenas para a universidade, mas foi o melhor mês e meio da minha passagem pela universidade.
O pior é quando os senhores doutores pensam que são os reis do mundo e fazem dos caloiros gato-sapato! Aí a minha visão cor-de-rosa da praxe transforma-se… Em lugar algum tolero faltas de respeito e humilhações, muito menos na praxe! Nesses casos sou a favor que seja a própria faculdade a tomar uma posição. Em muitas universidades portuguesas, as praxes não existem, a tradição não se cumpre, mas quem sabe se não é melhor assim. Ou menos, não há alunos humilhados e abusados, com experiências traumáticas para o resto da vida.
É triste pensar assim... Mas quando as pessoas, que neste caso são adultas e não se sabem comportam como tal, o melhor é mesmo o mal ser cortado pela raiz! Agora desvirtuar a praxe é que não. Uma tradição tão nobre não o merece!
E depois desta lenga-lenga toda, eu explico o porquê de me ter dado para escrever sobre praxes académicas. Primeiro, porque hoje começou mais um período de matrículas no ensino superior e milhares de estudantes já sentiram o que é ser caloiro. A segunda é porque me bateu a saudade. Quando se é bem praxado é normal o sentimento vir várias vezes ao de cima. E em terceiro, porque li uma notícia no jornal Público que relatava praxes onde os caloiros entram em projectos de solidariedade e vivem experiências muito positivas, que eu gostava de voltar a viver…
E aqui deixo o apelo… se alguém vir caloiros serem abusados, tragam-me cá os responsáveis que eu trato disso! Porque não admito que ninguém destrua as minhas boas recordações de praxe!
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