segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Epá, tanto dinheiro…


Notícia do Público:

"O programa eleitoral que hoje o Partido Socialista apresenta propõe a criação de um subsídio de 200 euros para cada criança nascida em Portugal, que seriam depositados numa conta a prazo e que só poderiam ser mexidos quando a criança completasse os 18 anos."

Lamento ter deixado passar este assunto tão importante para o futuro nacional, perdoem a minha falha. Este incentivo à natalidade é tão bondoso que deixa o meu coração enternecido de tanta gentileza…

Ai,ai…mais uma promessa socrática que tem um pouco de demagogia ou, se quisermos, de chicoespertismo. Vamos ver se entendi bem: O Partido Socialista vai dar uma espécie de vale de 200 euros por cada bebé, contudo este tem de ser obrigatoriamente depositado num banco e só pode ser levantado quando a criança se transformar num belo adolescente de 18 anos. Certo?

Durante 18 anos a banca amealha 200 euros por cada recém-nascido sendo que só nessa altura o petiz usufruirá desse valor (se ainda existir, pode sempre acontecer), ficando igualmente claro que os pais não podem mexer nesse dinheiro. Os pais entretanto terão de suportar várias vezes esse valor por empréstimos à habitação, estudos entre outros encargos. E claro, o banco nunca vai exigir que se pague as despesas de manutenção da conta. Sem esquecer que a nossa vizinha Espanha oferece um subsídio de 2500 euros por criança, apenas um mero dado estatístico. Sim, parece-me bem.

Acho mesmo que com esta fortuna que os socialistas têm a delicadeza de oferecer/disponibilizar, vamos todos desatar a fazer bebés, muitos. Compramos oitos ou nove pacotes de fraldas e investimos num futuro que se adivinha risonho. O resto aplica-se numa ida ao café e com sorte num bolinho.

São uns mãos largas, sem dúvida, os nossos amigos socialistas. Uns brincalhões…é claro mais inteligente anunciar novas medidas com o dinheiro dos outros do que com o nosso. È muito mais perspicaz esperar 18 aninhos (passa num instante) do que ajudar os pais a suportarem as despesas, em investir em creches decentes e que não sejam tão caras, em mudar a lei da licença paternal e ajudar a lidar com a pressão das empresas, em promover uma educação pré-escolar obrigatória e gratuita com melhores escolas e professores. Muito bem…

O incentivo à natalidade nasce da propaganda e da demagogia. As medidas enunciadas em cima não fazem manchetes, demoram tempo e dá muito trabalho e chatice. Os 200 euros vão fazer toda a diferença. Claro que sim.

Parece-me um bom princípio. O argumento poderoso do “é melhor do que nada” aplica-se. Pois…

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