
Ando inquieto com a nossa ideia de democracia, com a nossa política. Curiosamente esta insatisfação coincidiu com a maioria absoluta do PS. Sempre fui contra maiorias absolutas porque penso que muito poder numa só pessoa (ou partido se soar melhor) transforma qualquer santo em ditador. E então quando nos sai um brinde socrático…
As velhas tangas que defendem que a maioria absoluta é boa para a estabilidade do país a mim não me diz nada. Os factos, ao longo dos tempos, têm demonstrado outra realidade bem diferente. Qual o interesse em votações de propostas de lei no parlamento quando estas nunca serão aprovadas por inferioridade numérica da oposição? O compadrio continua a existir nos partidos políticos e as ideias continuam formatadas. Dos poucos que destoava desta realidade era Manuel Alegre mas na hora da verdade a voz do contraditório tornava-se a voz do conformismo…Temos pena.
Assistimos actualmente a um divórcio quase assumido entre os portugueses e os seus governantes, já não partilham o mesmo ideal e ninguém se respeita. Isto é evidente para todos, até para os mais distraídos. Parece que actualmente já não somos um povo, somos um sindicato. Sempre em protesto contra o patrão, sempre a fazer contas à vida e a contar os tostões… O “código genético” da democracia está desvirtuado, parece que os portugueses são um inimigo potencial ao bem estar do nosso Governo, quando a relação deveria ser inversa. Governam contra as pessoas, não para elas, estranho…
Falando claramente temos de admitir que o PS nunca se colocou ao serviço do Estado, apropriou-se dele para se auto-promover, um Governo nunca pode ser um culto de personalidade. O espelho já não reflecte os cidadãos apenas a personificação do poder. Foi isso que Cavaco Silva se apercebeu em determinada altura tornando-se assim uma espécie de força de resistência ao Governo. Ora, como sabemos, nunca deveria ser um Presidente da República a fazer oposição, é muito cansativo.
Estamos saturados de ser complacentes, fartos de aturar birras ou tiques de vedetismo e autoritarismo de pessoas que definitivamente não gostam de nós. Andam inquietos agora? Já vêm tarde, as oportunidades acabaram e com elas a maioria absoluta…
Tudo o que é bom acaba! See you later.
Nota: Valha-nos o Magalhães, é um computador bonito e fica bem lá em casa.
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